segunda-feira, 11 de março de 2013

Afegã mutilada pelo marido diz que esta muito feliz com o novo rosto




Aisha Mohammadzai, a afegã que foi mutilada pelo marido e ficou conhecida por aparecer na capa da revista Time em agosto de 2010, concluiu o tratamento de reconstrução facial em um hospital dos Estados Unidos. Em sua primeira entrevista na televisão, ao canal ITV, ela disse que 


está “feliz” com seu novo nariz e quer usar sua experiência para contar uma história de esperança. “Quero dizer a todas as mulheres que sofrem abusos que sejam fortes, nunca desistam e não percam a esperança”, afirmou a afegã, segundo o DailyMail.
Aos 19 anos, Aisha se tornou um símbolo da opressão contra as mulheres no Afeganistão. Ela teve o nariz e as orelhas cortadas pelo marido depois de uma tentativa de fuga. Na entrevista, ela contou a história por trás da foto que estampou a capa da revista Time há três anos.
“Eu era abusada todos os dias pelo meu marido e pela família dele, tanto mentalmente quanto fisicamente. Então, um dia isso se tornou insuportável e eu fugi. Eles me pegaram e me deixaram presa por cinco meses. Quando saí, o juiz me mandou voltar para meu marido. Naquela noite, eles me levaram para as montanhas, amarraram minhas mãos e meus pés e anunciaram que o meu castigo era ter meu nariz e minhas orelhas cortadas”, contou a jovem.
Casos como esse não são incomuns no Afeganistão. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), 90% das mulheres afegãs sofrem algum tipo de violência doméstica.

A jovem disse que desmaiou após a mutilação e foi deixada nas montanhas para morrer. Ela se arrastou até a casa de sua família, sendo levada depois para um abrigo secreto em Cabul. Em agosto de 2010 Aisha se mudou para os Estados Unidos, onde mora atualmente.

Em sua casa no Estado de Maryland, Aisha vive com um casal e a filha deles, de 15 anos. Fã de filmes de Hollywood  a jovem afegã tenta reconstruir a vida esperando que as cicatrizes do tratamento cirúrgico desapareçam, mas dificilmente esquecerá a história que a tornou famosa mundialmente.Em entrevista à rede de TV americana CNN, Aisha descreveu o seu sofrimento. “Quando eles cortaram meu nariz e minhas orelhas, eu desmaiei”, disse Aisha. “Senti como se houvesse água fria em nariz. Eu abri os olhos e nem pude ver por causa de todo o sangue”.

Aisha conta que, aos 16 anos, foi entregue ao pai do marido e aos seus dez irmãos e se tornou prisioneira deles por dois anos. Ela diz que os homens eram membros do Talibã na província de Uruzgan, no sul do Afeganistão.
Ao tentar fugir, foi pega pela polícia em Kandahar e teve que voltar para casa. Por causa da fuga, Aisha foi acusada de desonrar e envergonhar a família do marido e, julgada pela justiça do Talibã, foi condenada à mutilação.
A imagem de seu rosto na capa da revista americana certamente ficará como um dos símbolos da opressão sofrida pelas mulheres no Afeganistão onde, segundo a ONU, quase 90% das cidadãs sofrem algum tipo de abuso doméstico. A escolha da Time foi uma referência à capa história da National Geographic (ao lado) de 1985, que se tornou um ícone da situação das afegãs durante a ocupação soviética. A reportagem da Time questionou a abertura do diálogo com o Talibã e defendeu a permanência dos Estados Unidos no Afeganistão mesmo depois do escândalo do vazamento de dados sigilosos de operações com vítimas civis.
blog 7×7 publicou um post sobre o assunto e informou que ela tinha embarcado para os Estados Unidos para uma cirurgia, com o objetivo de reconstituir seu nariz e orelhas, arrancados quando tentou fugir do marido arranjado por sua família.
Agora, ela posou para a imprensa internacional com uma prótese temporária, enquanto aguarda uma solução mais permanente, que exige cirurgia.
Aisha sorriu. Um sorriso doce.
Nesses momentos, eu penso por que todos nós às vezes reclamamos e nos deprimimos por motivos absolutamente fúteis. O sorriso dessa moça – e seu claro orgulho por finalmente poder parecer uma pessoa normal, sem provocar no próximo um olhar de choque – é comovente.
A prótese dá uma ideia de como Aisha ficará após a operação. Quem está financiando a cirurgia é a Fundação Grossman Burn, com sede em Los Angeles.
Seu sobrenome nunca foi revelado. Sua história, sim, para o mundo inteiro. E é aterradora e revoltante. Aisha foi dada pelo pai a um guerrilheiro Talibã quando tinha apenas 12 anos de idade, uma criança. Foi vendida em troca de uma dívida. A família do marido dela a forçou a dormir no estábulo com os animais. E, anos depois, quando a menina tentou fugir de um cotidiano de humilhações, seu marido a perseguiu e, como castigo, a mutilou. Ela desmaiou e, no meio da noite, despertou em meio a um líquido viscoso. “Quando abri meus olhos, não podia enxergar nada, por causa do sangue”,  declarou à repórter da CNN Atia Abawi.
Aisha foi abandonada na montanha. Achavam que ela morreria. Mas ela conseguiu, apesar de terrivelmente ferida, chegar à casa de seu avô. E foi tratada durante dez semanas num posto médico administrado por americanos. Transportada para um refúgio secreto em Cabul, capital do Afeganistão, foi levada enfim para os Estados Unidos, abrigada por uma família americana.
Espera-se que sua reabilitação dure cerca de oito meses.
Segundo o Dr. Peter Grossman, seu nariz e suas orelhas serão reconstituídas com osso, pele e cartilagem extraídos de outras partes de seu próprio corpo. A mulher do médico disse que Aisha se lembra de seus tempos de escravidão toda vez que se olha no espelho, mas hoje já é capaz de sorrir e, quem sabe um dia, poderá superar toda a injustiça e crueldade de que foi vítima – num momento em que era uma adolescente, com todos os mesmos sonhos de quem um dia quer ser feliz, amar e ser amada.
De acordo com estimativas das Nações Unidas, quase 90% das afegãs sofrem algum tipo de abuso doméstico.
Os afegãos afirmam que tudo isso não passa de propaganda americana, porque, pela lei sagrada islâmica, cortar nariz e orelhas de pessoas seria ilegal.

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